Como estudar utilizando mapas mentais

Entrevista com a professora Juliana Vilela Alves, autora do livro "Português Cesgranrio: mapas mentais, resumo teórico e 125 questões comentadas".

O portal Concursos no Brasil conversou por e-mail com a professora Juliana Vilela Alves, que publicou recentemente o livro Português Cesgranrio: mapas mentais, resumo teórico e 125 questões comentadas (editora Elsevier do Brasil), um poderoso auxíliar nos estudos de concurseiros que prestam certames elaborados por essa banca, uma das mais conceituadas do país. Vale, necessariamente, dizer que o livro não serve apenas para estudos sobre as provas de UMA banca, pois o conteúdo gramatical é válido para qualquer concurso.

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Juliana tem, entre outras qualificações, graduação em Letras Português/Inglês, bacharelado em Administração de empresas e mestrado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atualmente é docente da área de Comunicação Empresarial, Língua Inglesa e Portuguesa no Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM - Câmpus Uberlândia Centro.

Professora, fale-nos um pouco sobre como foi a sua trajetória de estudos para concursos.

Ao longo da minha vida de concurseira, foi muito difícil criar uma rotina de estudos, pois sempre trabalhei. Assim, ficava difícil, pois muitos dias eu chegava bastante cansada em casa e não tinha disposição de estudar. Além disso, com a grande quantidade de matérias não sabia por onde começar. Demorou até que eu consegui criar um ritmo de estudos uma vez que as minhas metas não condiziam com a minha realidade. A solução para eu organizar meus estudos foi criar os mapas mentais para que eu pudesse estudar e revisar.

 Qual o caminho mais acertado para se conquistar a tão sonhada vaga na carreira pública?

A palavra chave é disciplina. Disciplina para cumprir seu planejamento. Sempre ocorrerão eventos que são mais interessantes do que ficar em casa estudando, mas se você tiver disciplina não tem como não obter êxito. O planejamento tem que ser tangível, pois se não for pode causar desmotivação e frustração.

Quando você faz um planejamento que você não consegue cumprir você pensa em desistir. Isso aconteceu comigo e fiquei um pouco desanimada, pois não conseguia organizar minha vida profissional, pessoal e de estudos. Porém, após alguns meses conhecendo meu ritmo e as minhas possibilidades voltei a estudar com metas mais reais que me possibilitariam a aprovação no longo prazo.

Portanto, a combinação ideal deve ser: disciplina, força de vontade e planejamento viável. O maior problema na minha visão hoje está na falta de uma ou mais dessas características.

O que a motivou a escrever a obra “Português Cesgranrio: mapas mentais, resumo teórico e 125 questões comentadas”?

Eu lecionava para um grupo de engenheiros mecânicos que estudavam para o concurso da Petrobras. Havia anos que eles não estudavam Português e me pediram um material com questões para que pudessem estudar. Como eu não tinha nenhum material específico para a Banca Cesgranrio comecei a elaborar o material para cada aula que ministrava. Foi assim que “nasceu” o livro Português Cesgranrio. O livro foi elaborado somente com temas que aparecem nas provas da Banca, ou seja, você estudará somente com os assuntos que são recorrentes nas provas da elaboradora. O que é especial nesse livro é o layout. Inicio com o mapa mental (exemplo abaixo da unidade 2 – Palavras invariáveis) e depois explico cada tópico separadamente. Na sequência tem as questões sobre “palavras invariáveis”.

Nesse modelo você estuda o tema e faz as questões daquele tema específico.  Esse é um ponto positivo, pois o aluno otimiza o tempo de estudo já que aparecem as questões recorrentes da banca.

Há sempre interesse em ampliar os horizontes e, por enquanto, estou analisando as perspectivas para futuras publicações.

Na sua opinião, como deve ser a banca organizadora ideal, no tocante às questões de língua portuguesa?

Gosto de bancas que promovam a reflexão dos alunos, ou seja, que façam questões não apenas que enfoquem no decorar o conteúdo, mas que os façam pensar. Gosto de provas que contribuem para que o estudante desenvolva o raciocínio sobre aquele tema. Isso é bacana em uma prova de concurso.

Como devem ser pensada hoje em dia a questão do "certo" e do "errado" em língua portuguesa?

Para essa questão utilizo o termo adequado e inadequado nas minhas aulas e sempre utilizo um trecho de Irandé Antunes (2009, p.30) “A escola, nesse particular, pode assumir o papel de explicitar esse conflito, orientando os alunos a perceber a existência de línguas como algo feito, e, ao mesmo tempo, fazendo-se. A identidade de cada língua é apenas alguma coisa em viagem; sem que o padrão anterior seja melhor ou mais puro que o atual. Simplesmente, os dois lados fazem parte da original e sempre acabada constituição das línguas. As identidades linguísticas – e todas as outras – são múltiplas, precárias e transitórias.” Assim, é muito reducionista rotular a certos padrões como certos ou errados.

Um concurseiro é um empreendedor ou ele é alguém que está frequentemente se afastando dos riscos e desperdiçando seus talento empreendedores?

Particularmente, não vejo como perda as pessoas que escolhem a carreira pública ao invés da carreira de empreendedor. Se olharmos para viés da qualificação veremos que isso é bastante positivo para a máquina pública, pois teremos profissionais competentes desenvolvendo um trabalho de altíssima qualidade para o setor público. Para mim, empreendedorismo não é sinônimo de talento. Empreender é sinônimo de trabalho com competência e responsabilidade. Fazer um trabalho com eficiência e competência, na minha opinião, é sinônimo de talento. E esse talento que deve ser abranger tanto o setor privado quanto o público. Então, devemos ter profissionais competentes em ambas as áreas no nosso país.

O que faz com que muitos brasileiros acabem saindo da escola e tendo ao longo da vida inúmeras dificuldades com o uso da língua culta padrão?

A língua é sedutora, mas a maneira com que é ensinada faz com que os alunos a caracterizem como “chata”, “não faz sentido” uma vez que o ensino de Língua Portuguesa pauta-se em um conjunto de regras da gramática normativa. Ensinar língua neste viés é reduzir muito a função que a língua pode exercer. Falta o entendimento do que ela é. Para tanto, devemos entender que a língua abrange questões políticas, históricas, sociais e culturais de um povo. Assim, ao reduzirmos a língua como um conjunto de regras gramaticais distanciamos da sua função interativa, ou seja, que é dar a ela o poder de conferir sentido seja quando se fala, lê ou escreve.

Elevada condição socio-econômica é pré-requisito determinante para se conquistar as melhores vagas na carreira pública?

A este respeito, faço aqui uma análise sobre o cenário da inclusão social pelo acesso à universidade pública. A partir dela buscaremos entender o porquê os concurseiros mais favorecidos financeiramente são aqueles que ocupam as vagas que remuneram melhor no serviço público.

A ANDIFES publicou um relatório sobre o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das universidades federais brasileiras e partir dele temos indicadores interessantes sobre o perfil dos estudantes.

Mais da metade (52,5%) dos estudantes do noturno são das classes C, D e E, enquanto as classes A e B predominam no matutino (57,9%) e também no integral (65,3%). A partir desses dados, podemos perceber que grande parte de quem estuda a noite pertence as classes C, D e E, logo, é bem provável que estes discentes trabalham durante o dia.

Além disso, de acordo com o mesmo estudo o trancamento de matrícula por insatisfação com o curso é maior nas classes A e B, enquanto por impedimento financeiro é maior nas classes C, D e E.

Se pensarmos no viés de quem estuda para concurso público temos um cenário nacional em que várias pessoas mais favorecidas financeiramente dedicam única e exclusivamente aos estudos. Não somente após a conclusão da graduação. Muitas vezes, dedicam-se somente aos estudos durante toda a graduação. Assim, a concorrência entre quem tem condição de dedicar-se somente aos estudos e quem trabalha o dia todo e estuda a noite torna-se, pelo menos a curto prazo, esses menos favorecidos.  

Assim, na minha visão, não podemos minimizar a situação. São contextos diferentes que demandam planejamentos distintos. O foco é não desistir nunca da meta que pretende alcançar.

Qual deve ser a melhor forma de se estudar hoje? O ideal é o candidato priorizar a sua individualidade, obedecendo ao seu "ritmo pessoal" ou o mais acertado é que ele acompanhe as tendências e não se isole nunca?

Acredito que é necessário um direcionamento para os estudos. Um exemplo disso é o seguintie: eu estava em uma livraria em Uberlândia no começo deste ano (2014) e a vendedora estava procurando um livro para mim. Chegou uma menina com o namorado e perguntou para a vendedora se ela tinha algum livro de Português para concursos. A vendedora disse que ainda não tinha chegado os paradidáticos deste ano, mas que tinha alguns na estante de paradidáticos. Quando eu ouvi a resposta da vendedora eu pedi licença para a garota e a levei na estante de concursos. Disse que ela deveria focar na banca daquele determinado concurso que ela estava prestando. Isso mostra que para quem está iniciando é necessário um “norte” para os estudos até que cada um conheça o seu ritmo de estudos para que alcance a almejada aprovação.

Contatos com a autora:

Facebook: https://www.facebook.com/julianavilela.alves.

You Tube: Portuguesparaconcursos.

Twitter: @incentivodicas.

Edição: Alberto Vicente

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